Autoras: Alícia Oliveira, Anna Raphaela Berto e Ilana Cabral Coutinho
Com a crescente complexidade dos sistemas distribuídos e arquiteturas baseadas em microserviços, o monitoramento eficiente tornou-se vital para garantir o bom funcionamento das aplicações e da infraestrutura. O acompanhamento contínuo de métricas, logs e eventos em tempo real ajuda a identificar problemas antes que se tornem críticos, evitando prejuízos e indisponibilidades. Para isso, os dashboards de monitoramento são essenciais, consolidando essas informações de maneira visual e intuitiva, permitindo às equipes uma visão clara do desempenho e da saúde do sistema.
O que são Dashboards de Monitoramento?
Dashboards de monitoramento são interfaces visuais que exibem métricas em tempo real de aplicações, infraestrutura e redes. O objetivo principal é apresentar os dados mais críticos de maneira concisa, facilitando a análise e a tomada de decisões. Geralmente, eles incluem gráficos dinâmicos, alertas e indicadores de performance chave (KPIs), permitindo uma avaliação rápida da saúde e desempenho do sistema.
Um dashboard eficaz organiza informações relevantes em uma única tela, utilizando gráficos como barras, linhas e histogramas para representar os dados de forma clara e direta. Isso permite que as equipes identifiquem rapidamente falhas, métricas fora do padrão ou problemas que requerem atenção imediata.
Boas Práticas na Criação de Dashboards
1. Defina Objetivos e Métricas
O primeiro passo na construção de um dashboard é identificar o que precisa ser monitorado. Definir com clareza quais métricas e dados são essenciais para monitorar o que se objetiva acompanhar. Identificar alterações ou eventos críticos para o sistema e área do negócio em que o time está envolvido. Essa identificação permitirá que o dashboard seja focado e objetivo.
Exemplo prático: Suponha que você esteja monitorando um e-commerce. As principais métricas que você precisa ficar de olho são: tempo de carregamento das páginas, número de pedidos por minuto e taxa de erros no checkout. Crie gráficos que mostrem esses dados de forma clara, com alertas configurados para quando o tempo de carregamento estiver muito alto ou a taxa de erros subir.
2. Simples e Intuitivo
Um dashboard deve ser visualmente simples e intuitivo, com informações acessíveis de forma rápida. Deve ser evitado o excesso de gráficos ou elementos que podem confundir a interpretação dos dados. O design limpo, com a correta hierarquia de informações, dando ênfase ao que realmente importa.
Exemplo prático: No Grafana, crie um dashboard com gráficos de linhas que mostram as métricas principais (latência, taxa de erros, uso de CPU). Use cores simples e organize tudo em colunas para que a visualização seja fácil, destacando métricas críticas com cores mais chamativas, como vermelho para alertas.
3. Use Alertas e Notificações
Dashboards eficazes incluem alertas automáticos que notificam as equipes quando as métricas ultrapassam valores críticos. Isso permite a detecção e correção de problemas antes que se tornem graves. A integração com ferramentas de comunicação, como e-mail, Slack ou Opsgenie, garante que as notificações cheguem rapidamente aos responsáveis.
Exemplo prático: No Prometheus, configure alertas para que, se o uso de CPU em um servidor passar de 80% por mais de 5 minutos, um alerta seja enviado para o Slack da equipe. Isso evita que um problema se torne maior sem que ninguém perceba.
4. Filtros e Personalização
Um dashboard deve ser flexível para atender diferentes necessidades. A adição de filtros, que permitem focar em regiões específicas, categorias de dados ou intervalos de tempo, é uma excelente prática para tornar o painel mais adaptável às necessidades de cada usuário.
Exemplo prático: No Kibana, adicione filtros para que os usuários possam selecionar logs de uma data específica ou focar apenas nos logs de erro. Isso facilita a investigação de problemas específicos e permite uma análise mais detalhada conforme a necessidade.
5. Histórico e Tendências
Além de dados em tempo real, é fundamental que os dashboards forneçam informações históricas. Isso ajuda a identificar tendências, entender padrões de uso e prever potenciais problemas antes que eles ocorram.
Exemplo prático: Configure um painel no Grafana para mostrar dados históricos da latência média das suas APIs nos últimos 30 dias. Isso ajuda a entender se um aumento recente na latência é um problema pontual ou uma tendência crescente que precisa ser resolvida.
6. Documentação e Treinamento
Uma prática que muitas vezes é subestimada é a documentação do funcionamento do dashboard e o treinamento das pessoas envolvidas. É essencial que todos saibam interpretar corretamente as informações apresentadas, para garantir que o painel seja utilizado de maneira eficiente.
Exemplo prático: Crie uma página no Confluence ou Notion explicando cada métrica do dashboard. Adicione uma breve descrição sobre o que significa cada gráfico e como os alertas são acionados. Isso ajuda novos membros da equipe a entenderem o painel rapidamente e garante que todos saibam interpretar as informações.
Dashboards por Equipe
Não existe uma solução única para todo mundo. Equipes diferentes precisam de painéis diferentes:
- Ops: Monitoramento de infraestrutura e disponibilidade
- Exemplo: Dashboard mostrando status de servidores, uso de CPU, memória e espaço em disco, além de alertas para quedas de serviços.
- Desenvolvedores: APIs, bancos de dados e serviços específicos
- Exemplo: Painel com métricas de desempenho para APIs, como latência de requisições, número de requisições por segundo e taxa de sucesso.
- Segurança: Logs de segurança e eventos suspeitos
- Exemplo: Dashboard no Kibana que destaca picos de tentativas de login falhas ou acessos fora do horário padrão, para detectar possíveis ataques de força bruta.
A ideia é criar dashboards direcionados que atendam às necessidades específicas de cada grupo, tornando o monitoramento mais eficiente e certeiro.
Conclusão
A criação de dashboards eficientes é essencial para o monitoramento de sistemas complexos. A chave está em definir claramente o que monitorar, escolher as ferramentas adequadas e seguir boas práticas de design e configuração. Com soluções como Grafana, Prometheus e ELK Stack, as equipes podem criar dashboards que auxiliem na manutenção e operação de ambientes complexos, construindo assim um monitoramento inteligente que antecipa problemas e permite uma resposta proativa.
Referências
FEW, Stephen. Information Dashboard Design: The Effective Visual Communication of Data.