O terminal é provavelmente a ferramenta que eu mais uso no meu dia a dia. Com o passar dos anos eu criei uma série de atalhos, scripts e hábitos que me fazem ser mais produtivo na execução de várias das minhas tarefas. Neste post vou contar algumas das coisas que eu configurei e venho usando, com o objetivo de talvez inspirar alguém a dedicar um tempo para fazer o mesmo.
O shell
O shell
é a interface com a qual interagimos quando abrimos uma sessão de terminal. Por décadas o shell padrão para a grande maioria das distribuições Linux e o macOS foi o bom e velho bash
mas nos últimos anos alguns competidores ganharam destaque. Talvez o mais relevante seja o zsh, que hoje é o padrão para o macOS e várias distros Linux. Eu usei o zsh
por algum tempo, mas descobri o fish em um tweet do Carlos Becker, testei e não voltei atrás. O fish
é mais leve e rápido do que o zsh
(fato impírico, é minha impressão pois não fiz ou li benchmarks) e vem com várias funcionalidades úteis embutidas como um auto-complete mais rápido, wildcards
para navegar nos diretórios, etc.
Dica: como o padrão do macOS é o zsh
eu executei o comando a seguir para instalar o fish
:
brew install fish
E o comando para definí-lo como meu shell padrão:
chsh -s /opt/homebrew/bin/fish
Salvando as configurações
Nos derivados do Unix (Linux e macOS por exemplo) uma forma de manter a configuração de aplicações é usando-se os dotfiles
, que são arquivos que começam com um .
no nome. O mais interessante disso é que é fácil fazer alterações e backups das suas configurações. O que eu faço é manter estes arquivos em um serviço de núvem, como o Dropbox, e configurar minha máquina para usar estes arquivos, usando o recurso de links simbólicos.
Estes são alguns dos arquivos de configuração da minha máquina:
❯ ls -lha ~/ | grep Dropbox
lrwxr-xr-x 1 eminetto staff 36B 10 Mai 2022 .aws -> /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/aws
lrwxr-xr-x 1 eminetto staff 43B 10 Mai 2022 .gitconfig -> /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/.gitconfig
lrwxr-xr-x 1 eminetto staff 30B 10 Mai 2022 .gnupg -> /Users/eminetto/Dropbox/gnupg/
lrwxr-xr-x 1 eminetto staff 28B 10 Mai 2022 .ssh -> /Users/eminetto/Dropbox/ssh/
Como eu uso o fish
também fiz o mesmo com os arquivos de configuração dele:
❯ ls -lha ~/.config | grep Dropbox
lrwxr-xr-x 1 eminetto staff 37B 10 Mai 2022 fish -> /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/fish
Para facilitar a criação destes arquivos eu criei um script que uso sempre que preciso trocar de computador:
cd ~
ln -s /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/aws .aws
ln -s /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/.gitconfig .gitconfig
ln -s /Users/eminetto/Dropbox/gnupg/ .gnupg
ln -s /Users/eminetto/Dropbox/ssh/ .ssh
ln -s /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/sshw .sshw
ln -s /Users/eminetto/Dropbox/dotfiles/fish .config/fish
Desta forma rapidamente eu tenho as configurações aplicadas aos meus aplicativos principais.
Atalhos
Outro recurso poderoso para se usar no terminal é criar atalhos, ou alias
. Como o nome sugere, são atalhos para comandos e que aceleram a sua produtividade. Estes são alguns dos atalhos que tenho no momento em meu fish
:
❯ alias
alias cot 'open /Applications/CotEditor.app/'
alias d docker
alias dc 'docker compose'
alias dcdown 'docker compose stop'
alias dcup 'docker-compose up -d'
alias g git
alias icloud cd\\\ /Users/eminetto/Library/Mobile\\\\\\\ Documents/com\\\~apple\\\~CloudDocs/
alias k kubectl
alias kb kubectl
alias ls 'ls -G'
alias open-ports netstat\\\ -anvp\\\ tcp\\\ \\\|\\\ awk\\\ \\\'NR\\\<3\\\ \\\|\\\|\\\ /LISTEN/\\\'
alias py3 python3
alias subl /Applications/Sublime\\\\\\\ Text.app/Contents/SharedSupport/bin/subl
Para salvar um alias
no fish
basta executar:
alias -s icloud="cd xxx"
E a configuração vai ser salva no diretório ~/.config/fish
. Cada shell
tem um comando para isso, recomendo pesquisar como fazer isso no seu.
Outro lugar onde é possível adicionar atalhos é no arquivo ~/.gitconfig
. Estes são alguns que eu criei:
[alias]
cleanup = "!git fetch --all --prune; git branch --merged origin/master | grep -v \"\\*\" | grep -v \"\\ master\" | xargs -n 1 git branch -d"
s = status
d = diff
co = checkout
br = branch
c = commit
Desta forma eu posso aliar o alias
do fish
com o do git e ao invés de digitar:
git commit -m "message"
Basta executar:
g c -m "message"
E eu ganho alguns segundos a cada comando :)
Uma dica relacionada ao git e que eu estou usando é configurar o 1Password
para assinar os meus commits. Nesta documentação é possível ver como fazer isso.
Customizando o prompt
Como eu comentei no começo deste post, o shell
é a interface com a qual interagimos com o sistema operacional. E interfaces deveriam ser amigáveis e bonitas. Uma forma de se atingir isso é usando uma ferramenta que permita customizações e a dica que quero deixar aqui é o Starship. Trata-se de uma aplicação feita em Rust e que pode ser usada em qualquer shell
para permitir customizações do prompt
, que é o input
onde digitamos os comandos. A instalação e configuração é muito simples, conforme consta na página inicial do projeto. Após instalado basta configurar o arquivo ~/.config/starship.toml
. Por exemplo, a configuração:
[aws]
disabled = true
[cmake]
disabled = true
[cmd_duration]
min_time = 500
format = "[$duration]($style) "
[conda]
disabled = true
[crystal]
disabled = true
[dart]
disabled = true
[docker_context]
disabled = true
[dotnet]
disabled = true
[elixir]
disabled = true
[elm]
disabled = true
[env_var]
disabled = true
[erlang]
disabled = true
[gcloud]
disabled = true
[golang]
disabled = true
[helm]
disabled = true
[java]
disabled = true
[jobs]
disabled = true
[julia]
disabled = true
[kotlin]
disabled = true
[kubernetes]
format = '[☸ $context \($namespace\)](dimmed green) '
disabled = false
[lua]
disabled = true
[memory_usage]
disabled = true
threshold = -1
symbol = ' '
style = 'bold dimmed green'
[nim]
disabled = true
[nix_shell]
disabled = true
[nodejs]
disabled = true
[ocaml]
disabled = true
[openstack]
disabled = true
[package]
disabled = true
[perl]
disabled = true
[php]
disabled = true
[purescript]
disabled = true
[python]
disabled = true
[ruby]
disabled = true
[rust]
disabled = true
[scala]
disabled = true
[shlvl]
disabled = true
[singularity]
disabled = true
[swift]
disabled = true
[status]
style = 'bg:blue'
symbol = '🔴 '
success_symbol = '🟢 SUCCESS'
format = '[\[$symbol$common_meaning$signal_name$maybe_int\]]($style) '
map_symbol = true
disabled = false
[terraform]
disabled = true
[vagrant]
disabled = true
[zig]
disabled = true
[username]
format = "[$user]($style)@"
Gera o seguinte visual no meu terminal:
Sendo que, na imagem:
-
rancher-desktop
é o nome do cluster Kubernetes onde estou conectado -
votes
é o nome donamespace
do Kubernetes -
api-o11y
é o nome do diretório onde estou -
add-metrics
é o nome da branch do git -
[!]
indica que houveram alterações na branch atual, o equivalente a umgit status
-
5s
é o tempo que demorou a execução do último comando -
🟢 SUCCESS
indica que o último comando que executei finalizou com sucesso.
Na documentação do Starship é possível ver todas as configurações possíveis.
Espero que estas dicas ajudem e inspirem você a dedicar um tempo para customizar e otimizar o seu terminal. Garanto que vai ser divertido e melhorar sua performance no dia a dia. Aproveite e compartilhe as suas dicas também, eu adoraria adicionar novos truques ao meu workflow :)