Como Venci a Gupy

Kleyson Gomes - Aug 27 - - Dev Community

Introdução

Conquistar uma vaga em um processo seletivo pode ser desafiador, especialmente em plataformas de recrutamento como a Gupy, que automatizam e filtram candidatos com base em critérios específicos. Se você está esperando encontrar aqui um passo a passo ou uma receita pronta para o sucesso, já vou avisando: esse não é o propósito deste artigo.

O que vou compartilhar é a minha experiência pessoal – o que fiz, o que funcionou para mim, e como consegui me destacar e me tornar finalista em um processo seletivo através da Gupy. Cada jornada é única, e o que funcionou para mim pode não ser uma fórmula mágica, mas pode inspirar você a encontrar o seu próprio caminho para o sucesso.

A Busca

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Tudo começou enquanto eu navegava pelo LinkedIn, procurando por vagas que pudessem ser um bom teste para meus conhecimentos, e quem sabe até uma oportunidade de emprego melhor. Foi durante essa busca que percebi o quão exigente o mercado se tornou. Me deparei com descrições de vagas absurdas, com requisitos tão extensos que, apesar dos meus 7 anos de experiência, parecia que nada do que eu tinha feito era suficiente.

Entre vagas desanimadoras e aquelas que claramente não se encaixavam no meu perfil, encontrei algumas que pareciam mais possíveis. E foi nessas que decidi focar – vagas que, apesar de não serem exatamente o sonho, tinham o que eu procurava: a possibilidade de trabalho remoto, em empresas do Sul (sou do Nordeste), e na área de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Minha busca foi 100% via LinkedIn. Não me inscrevi em outras plataformas para buscar emprego, focando exclusivamente no LinkedIn. Muitas vezes, porém, ao me candidatar, acabava sendo redirecionado para sites externos, como a Gupy, onde era necessário preencher novamente todo o meu currículo. Esse processo era, sem dúvida, longo e cansativo, sem mencionar os bugs ocasionais que surgiam pelo caminho.

Me Fazendo Ser Achado

A cada nova vaga que aparecia em um site externo, eu me perguntava se minha estratégia de me candidatar apenas às vagas com o botão "Candidatura Simplificada" ainda era a melhor opção. A resposta que encontrei foi: não. Percebi que precisava ser encontrado pelos recrutadores. Diferente de uma brincadeira de esconde-esconde, onde o objetivo é se esconder, no mercado de trabalho você precisa estar à vista. Foi assim que dediquei horas do meu dia para otimizar meu perfil no LinkedIn e na Gupy, garantindo que eu pudesse ser facilmente localizado.

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O primeiro passo foi revisar completamente meu LinkedIn. Detalhei ao máximo todas as experiências que eu já tinha, destacando as habilidades que utilizei ou desenvolvi em cada uma delas. Em seguida, foquei na minha apresentação na seção "Sobre", onde escrevi de forma direta sobre as áreas em que tenho autoridade para falar, baseando-me na minha experiência prática. Também destaquei minhas principais realizações, deixando claro que já conquistei resultados significativos ao longo da minha carreira.

Outra estratégia foi compartilhar cada projeto pessoal que realmente agregasse valor à minha trajetória profissional. Não postei qualquer coisa para não dar a impressão de que estava apenas buscando atenção. Em vez disso, escolhi projetos que mostrassem que estou trabalhando em soluções reais para problemas concretos. As empresas podem não estar atentas a todas as suas postagens, mas seus futuros colegas de trabalho, sim. Eles vão investigar sua vida online, suas redes sociais, e qualquer coisa que puderem encontrar sobre você.

A Gupy

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Dediquei um dia inteiro apenas para me cadastrar, revisar e ajustar meu perfil na plataforma Gupy. Com muita calma e paciência, preenchi cada campo. Era quase como admirar uma obra de arte: ver o "Check" em cada item da lista de coisas que precisava incluir no perfil me trazia um certo alívio. No entanto, depois de finalizar tudo, pedi a uma pessoa externa para revisar meu perfil. Alguém sem vícios de escrita ou preconceitos prévios, apenas para checar se o que escrevi fazia sentido. Uma dica: a família pode ser tendenciosa, então procure alguém fora do seu círculo mais próximo para essa revisão.

Em seguida, preenchi cada categoria necessária na plataforma, sem economizar nas palavras. Detalhei tudo – cada pequena habilidade, cada detalhe das minhas experiências. O algoritmo da Gupy utiliza uma porcentagem mínima de compatibilidade para alinhar você com as vagas, então é essencial incluir o máximo de informações possíveis para aumentar suas chances de ser aceito no processo seletivo.

Agora, uma frase que pode assustar: "Você não avançou nesse processo." Essa mensagem é a receita perfeita para a desmotivação. No entanto, adotei uma estratégia que me ajudou a manter o foco: nunca cliquei na aba "Minhas Candidaturas" até o fim do processo. Controlar minha ansiedade e confiar no processo me permitiu ficar mais tranquilo diante de cada vaga em que me candidatei. Hoje, ao revisar essa aba, percebi que recebi duas rejeições das três vagas para as quais me inscrevi.

O Próximo Passo

Agora eu estava prestes a ter uma entrevista com a pessoa responsável pelo processo. Mesmo sendo online, me arrumei como se fosse presencial. Entrei na call cinco minutos antes e esperei o início, mas, para minha surpresa, a recrutadora também chegou cedo, e a conversa começou antes do previsto. A diferença de sotaques foi um excelente quebra-gelo, proporcionando um alívio imediato e deixando o ambiente mais descontraído.

Durante a entrevista, mantive meu currículo aberto na tela do computador, como um roteiro escrito no bloco de notas. Isso me ajudou a falar com confiança, citando datas e detalhes específicos, mostrando que eu realmente vivenciei cada experiência e tinha propriedade sobre o que estava dizendo.

A empresa era uma EdTech no setor de educação, que começou sua trajetória vendendo livros. Buscando um ponto de conexão, lembrei que passei dois anos vendendo livros em outro estado para pagar minha faculdade. Usei essa experiência pessoal para estabelecer um vínculo e fortalecer meu argumento.

Eu precisava que aquela empresa entendesse que não precisavam de qualquer profissional, precisavam de mim. Enquanto a recrutadora falava sobre a empresa, eu encaixava exemplos da minha vida pessoal que combinavam com suas descrições. Isso fez com que a conversa fluísse naturalmente, durando mais de uma hora, cheia de risadas, expressões de surpresa e um forte alinhamento com a empresa.

Depois de passar por essa etapa, cheguei ao teste prático, algo que me assustava bastante. Mesmo tendo experiência em projetos grandes, a ideia de ser avaliado me deixava ansioso. No entanto, percebi que o teste tinha um prazo longo e envolvia uma tarefa que eu já havia realizado antes: utilizar um ponto de entrada do sistema para, via requisição a uma API, atualizar dados de clientes em outra base de dados.

Com outros candidatos nessa fase, a pergunta que me fiz foi: "Como posso me destacar?" A resposta veio rapidamente: use o tempo a seu favor. Assim, no momento em que recebi os detalhes do teste, me prometi só levantar da cadeira quando tivesse 80% do trabalho concluído. Mergulhei na documentação, consultei exemplos que já havia construído, busquei dicas no YouTube – explorei todas as fontes de conhecimento possíveis.

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Consegui concluir o desafio em tempo recorde (pelo menos para mim), revisando e testando tudo antes de enviar. Logo após o envio, entrei em contato com a responsável pelo processo, que sempre foi muito prestativa e presente. "Olá, acabei de enviar o teste finalizado," escrevi. Em resposta, recebi a confirmação de que o teste seria imediatamente encaminhado para o time de desenvolvimento avaliar.

O Time de Desenvolvimento

Cheguei à tão temida entrevista técnica. E lembra quando mencionei que seus futuros colegas podem investigar suas redes sociais? Logo após enviar o desafio técnico, percebi que alguns funcionários da empresa começaram a visualizar meu perfil no LinkedIn. Durante a entrevista técnica, me preparei para explicar como realizei o desafio, justificando cada decisão que tomei. No entanto, o foco da conversa acabou sendo: "Como você fez isso aqui nesse projeto anterior? E aquilo ali na outra empresa?"

O Tech Lead estava com meu perfil do LinkedIn aberto, lendo-o na minha frente e verificando cada detalhe que eu havia escrito. Incrivelmente, não houve perguntas sobre como eu executei o desafio técnico em si. Em vez disso, surgiram várias questões sobre como eu havia realizado projetos anteriores, baseadas nas experiências descritas no meu perfil.

Algo que também me ajudou foi ter dúvidas. Lembro-me de um professor de física que adorava quando os alunos faziam perguntas, e percebi que, naquela entrevista, havia uma abertura para que eu fizesse o mesmo. Perguntei sobre a estrutura da empresa, como eles trabalhavam, como era o time, e como o sistema era dividido. Tudo isso com um objetivo em mente: conectar essas informações com minhas próprias experiências e dizer coisas como "Isso eu já fiz" ou "Uma vez, resolvi um problema parecido." Mais uma vez, eu estava mostrando à empresa que eu tinha muito mais a oferecer do que o que a Gupy ou o LinkedIn poderiam revelar.

A entrevista terminou, e com ela, começou uma longa jornada de espera. A ansiedade se tornou cada vez mais difícil de controlar, mas, felizmente, o apoio de amigos e a comunicação constante com a recrutadora, que explicava o motivo da demora (e que não tinha relação comigo), me ajudaram a manter a calma.

Finalmente, chegou o dia de conversar com o Gerente do time, que, por motivos imprevistos, não pôde estar presente na última entrevista. A conversa seguiu um padrão semelhante: apliquei tudo o que já havia demonstrado anteriormente. E quando ele me perguntou se eu tinha dúvidas, mencionei as questões que levantei na call anterior e como elas haviam sido respondidas, mostrando que realmente ouvi e me importei com o que foi dito.

O Sim

E então, finalmente, o tão sonhado "sim" chegou. Foi um misto de emoções – semanas de dedicação à empresa, revisando diariamente o site em busca de informações que eu pudesse usar nas entrevistas, relembrando cada linha de código do teste. Tudo isso veio à tona junto com um sentimento de alívio e felicidade.

A empresa me fez uma proposta, falando sobre benefícios, salário e, finalmente, me perguntou se eu queria a vaga. Com o coração acelerado, quase gritei "sim"! Todo o esforço valeu a pena. Eu estava diante de uma oportunidade maravilhosa, e, como em todas as minhas experiências anteriores, estou agarrando esse novo desafio com determinação.

Para encerrar este artigo, quero deixar uma mensagem: você não é definido pelo "não" ou pelo "sim" que uma empresa te dá. O que realmente te define são as experiências que você viveu ao longo da vida. Grande parte das minhas experiências não aconteceu dentro de escritórios de empresas, mas sim sozinho, no meu quarto, pensando, criando e construindo coisas reais. Experiências reais.

Uma frase que sempre me motiva é: "Quem não é visto, não é lembrado." Seja visto. Mostre seu trabalho. Poste seus projetos, escreva um artigo, faça um post em uma rede social, compartilhe um repositório no seu GitHub. Independentemente da forma, faça isso hoje. Não deixe para amanhã, porque hoje, há empresas procurando exatamente aquilo que você tem para oferecer.

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