A engenharia de software tem como objetivo, a aplicação de metodologias no processo de desenvolvimento, visando a promoção da qualidade, aumento da produtividade e redução dos custos. A criação de software foi subestimada e realizada sem nenhuma metodologia, gerando erros em sistemas, como: problemas de cálculos, perdas financeiras e de tempo. Nesse período, podemos dizer que houve a Crise do Software. Com isso, em 1967 a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) designou o termo Engenharia de Software para adequar o processo de desenvolvimento de software com metodologias, já utilizadas em outras engenharias. Uma série de metodologias e técnicas passaram a ser utilizadas antes, durante e depois da criação dos softwares. Dados históricos apontam que houve uma diminuição brutal nos problemas no desenvolvimento de softwares após a adoção dessas metodologias, fazendo com que a indústria de software pudesse entregar sistemas com maior qualidade, em menos tempo e com custos reduzidos de manutenção.
Fases de Ciclo de Vida do Software
O ciclo de vida de software pode ser conceituado como uma estrutura contendo processos, atividades e tarefas envolvidas na criação, operação ou manutenção de um software. Ele abrange toda a vida de um sistema desde o início, onde as definições de seus requisitos são reconhecidas, até o final, onde ele não é mais utilizado. No começo de um projeto de software, o tipo de ciclo de vida geralmente é a primeira decisão a ser tomada.
Atualmente existe um grande conjunto de ciclos de vida de software, sendo alguns deles: Cascata
, Modelo em V
, Incremental
, Evolutivo
, RAD
, Prototipagem
, Espiral
, Modelo de Ciclo de Vida Associado ao RUP
. Cada um deles possui características que podem ser uma vantagem ou desvantagem, dependendo do contexto do software que será desenvolvido.`
- Modelos Tradicionais
Os modelos clássicos foram criados entre os anos de 70 e 90 por meio de evoluções ocorridas no desenvolvimento de software para resolver problemas que eram barreiras na criação de sistemas de alta qualidade.
O modelo cascata foi um dos primeiros a ser proposto, sendo referenciado em livros e amplamente conhecido até hoje. Após sua criação, diversos problemas foram apontados, surgindo, então, outros modelos como o espiral e o prototipação. Ocorre, ainda, a evolução dos modelos de ciclo de vida, fazendo com que, atualmente, existam diversos modelos sendo utilizados.
É muito importante entender os modelos tradicionais, identificar quais foram as evoluções ocorridas e o motivo de determinadas características presentes nos modelos que utilizamos hoje.
- Modelo Cascata
O modelo de ciclo de vida cascata é uma abordagem linear e sequencial de desenvolvimento de software que segue uma ordem específica de fases: análise de requisitos, projeto, implementação, testes e manutenção. Cada fase só começa depois que a fase anterior é concluída. O modelo cascata é uma metodologia muito rígida e não permite voltar às fases anteriores, tornando difícil acomodar mudanças de requisitos. É uma abordagem adequada para projetos com requisitos bem definidos e estáveis, onde mudanças significativas são improváveis.
- Modelo em V
O modelo em V é uma abordagem que enfatiza a verificação e validação durante todo o processo de desenvolvimento de software. Ele é semelhante ao modelo cascata, mas enfatiza a importância dos testes. O modelo em V segue um conjunto de fases sequenciais, como o modelo cascata, mas as fases de verificação e validação são adicionadas em paralelo a cada fase de desenvolvimento. O modelo em V permite que erros sejam identificados cedo e corrigidos de forma mais eficiente, tornando-o uma abordagem mais flexível do que o modelo cascata. É uma abordagem adequada para projetos de médio e grande porte, onde é essencial garantir a qualidade do software.
- Modelo Incremental
No modelo incremental, o sistema é dividido em partes que são desenvolvidas e entregues de forma independente. Quando uma dessas partes é finalizada, ela é incrementada
ao sistema, formando, ao final, o sistema completo. Conhecer este modelo é muito interessante, pois muitas empresas ainda utilizam quando existe pouca mão de obra para implementar um software.
- Evolutivo
O modelo evolutivo é uma abordagem iterativa de desenvolvimento de software que se concentra na entrega de um produto básico funcional, seguido de melhorias iterativas ao longo do tempo. Cada iteração constrói sobre o produto existente para adicionar novas funcionalidades ou melhorar as existentes. O modelo evolutivo é ideal para projetos em que os requisitos mudam com frequência ou onde é difícil ter uma visão clara do produto final. O modelo evolutivo permite que os usuários finais experimentem o produto e forneçam feedback, o que ajuda a orientar o desenvolvimento e melhoria contínua do produto.
- RAD
O modelo RAD (Rapid Application Development) é uma abordagem iterativa e incremental de desenvolvimento de software que enfatiza a entrega rápida de protótipos de software em um curto período de tempo. Ele é baseado na ideia de que é melhor entregar um software funcional com menos recursos do que um software completo, mas demorado. O modelo RAD é adequado para projetos de pequeno porte em que a rapidez é mais importante do que a perfeição. Uma das principais vantagens do modelo RAD é que ele permite que o usuário final visualize o produto mais cedo e forneça feedback, o que ajuda a orientar o desenvolvimento.
- Espiral
O modelo em espiral é uma abordagem iterativa de desenvolvimento de software que se concentra em identificar e gerenciar os riscos do projeto. O modelo em espiral envolve a criação de um protótipo e a avaliação contínua dos riscos do projeto. Cada iteração envolve uma análise cuidadosa dos riscos e ações para mitigá-los. O modelo em espiral é adequado para projetos complexos em que os requisitos são incertos e o envolvimento do usuário final é fundamental. O modelo em espiral ajuda a minimizar os riscos do projeto e a garantir que o produto final seja de alta qualidade e atenda aos requisitos do usuário final.
- Modelo de Ciclo de Vida Associado ao RUP
O modelo de ciclo de vida associado ao RUP (Rational Unified Process) é uma abordagem iterativa e incremental de desenvolvimento de software que se concentra na entrega de software em pequenos incrementos. Ele é baseado em quatro fases: iniciação, elaboração, construção e transição. Cada fase tem suas próprias atividades, entregas e marcos, e é concluída antes de passar para a próxima fase. O modelo de ciclo de vida associado ao RUP é adequado para projetos grandes e complexos em que a colaboração da equipe é fundamental. Ele ajuda a garantir que o produto final atenda aos requisitos do usuário final e seja entregue no prazo e no orçamento previstos.
Conclusão
Existem muitos modelos de ciclo de vida de software diferentes, cada um com suas próprias vantagens e desvantagens. A escolha do modelo de ciclo de vida correto depende do tipo de projeto, dos requisitos do cliente, da equipe de desenvolvimento e de outros fatores importantes. Alguns modelos, como o modelo em cascata e o modelo em V, são mais adequados para projetos com requisitos claros e estáveis, enquanto outros, como o modelo incremental e o modelo evolutivo, são mais adequados para projetos em que os requisitos são menos claros e podem mudar ao longo do tempo.
Independentemente do modelo escolhido, é importante lembrar que o desenvolvimento de software é um processo iterativo e que é necessário testar, validar e refinar continuamente o software para garantir que ele atenda aos requisitos do usuário final. Além disso, é importante envolver os usuários finais e outros stakeholders desde o início do projeto para garantir que o software atenda às suas necessidades e expectativas.